domingo, novembro 25, 2012

Angústia é doença e tem cura por Adriana Toledo


«Chego pela manhã ao complexo do Hospital das Clínicas, em São Paulo, e me dirijo ao primeiro andar do prédio do Instituto de Psiquiatria, onde sou recebida pelo chefe do departamento, o psiquiatra Valentim Gentil. Nosso objetivo é definido: caracterizar, com elementos concretos, o conceito de angústia. A missão é árdua. "Diferentemente do medo ou da ansiedade, que são experimentados pela maioria das pessoas, a angústia acomete menos de 50% da população. E nunca tive essa experiência, o que dificulta a tarefa de descrevê-la com precisão", confessa. "Em geral, meus pacientes relatam uma agonia mental sem gatilho aparente, atrelada a um sufoco semelhante ao da asma, e uma dor ou compressão no peito", descreve.

Incentivar o diagnóstico e um tratamento personalizado é a proposta de Gentil, que assina o artigo intitulado Why Anguish? — em português, Por que angústia? —, que acaba de ser divulgado na publicação científica inglesa Journal of Psychopharmacology. Isso porque, nas discussões entre especialistas do mundo todo, o sentido dessa emoção se esvaziou ao longo do tempo. E frequentemente ela é confundida com o distúrbio de ansiedade ou de pânico (veja os complementos desta matéria).

"Mas são comportamentos mentais diferentes, com padrões de ativação cerebral distintos", defende Gentil. "A ansiedade é uma apreensão exagerada em relação ao futuro, enquanto a angústia é um sofrimento relacionado ao presente."

Munida dos esclarecimentos sobre as manifestações físicas do sintoma, sigo ao consultório da psicanalista paulistana Maria de Lourdes Félix, que auxilia Gentil nas pesquisas sobre a face psicológica da angústia. "Meus pacientes costumam levar as mãos ao peito e reportar um sentimento de vazio. Sentem conflitos diante das inúmeras possibilidades de escolhas no dia a dia e questionam o sentido de sua existência", conta. "Em casos extremos, essas pessoas são dominadas pela introversão. Elas perdem a capacidade de análise, de lidar com o cotidiano, de interagir socialmente. Ficam paralisadas."

À luz do filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard (1813-1855), a psicóloga Marília Dantas, da Universidade Estácio de Sá, em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, traduz o mal-estar: "O ser humano sente desamparo, incerteza, falta de controle diante da liberdade de decidir. Optar por um caminho significa correr riscos, abrir mão das alternativas. Isso é angustiante".

Reconhecer um quadro de angústia é uma função que cabe a especialistas. Mas os angustiados de plantão podem contribuir, fornecendo detalhes de como se sentem. É o que constatei nas conversas durante os trajetos de consultório em consultório. A pergunta que fiz a motoristas, recepcionistas, colegas e pedestres com quem cruzei no caminho era sempre a mesma: o que é angústia para você? As respostas variaram. "É pensar como seria minha vida se eu tivesse estudado psicologia." Ou "É um beco sem saída dentro do peito". Ou ainda "É uma incerteza sobre as consequências das decisões que tomei".

Infelizmente, a maioria dos angustiados só procura ajuda especializada quando a sensação ruim beira o insuportável. "Eles chegam ao pronto-socorro com dor e opressão no tórax, peso e desconforto no peito", confirma o cardiologista César Jardim, supervisor do pronto-socorro do Hospital do Coração, em São Paulo. Os sintomas se assemelham aos de problemas cardiológicos, como infarto. "Mas os problemas cardiovasculares só se confirmam em 30% dos casos", estima. Ele conta que, depois de realizar exames e apontar que o sujeito está em condições perfeitas de saúde, os pacientes confessam que vêm se sentindo nervosos e... angustiados.

Quando é assim, excluída a presença de doenças físicas, o passo seguinte deveria ser a visita a um psiquiatra. "Há hipóteses de que a angústia seja desencadeada por uma maior ativação de uma região chamada ínsula, no córtex cerebral, relacionada à percepção de funções viscerais, como as do coração, do diafragma e dos pulmões", explica Valentim Gentil. "Por isso, acreditamos que suas vítimas possam responder bem a calmantes chamados benzodiazepínicos, a alguns antipsicóticos e a uma classe de antidepressivos conhecida como tricíclicos", continua. "A imipramina é um dos principais medicamentos desse grupo e se mostra eficaz, apesar de promover eventuais efeitos colaterais, como tonturas e alterações cardíacas", completa seu colega Jair Mari, da Universidade Federal de São Paulo. Essa droga modula neurotransmissores como a noradrenalina, substâncias que agem no cérebro e controlam as emoções.

O ideal é complementar esse tratamento com o de um psicólogo ou psicanalista. "Trabalhamos o desenvolvimento emocional, fazendo com que o paciente reflita e traduza seus pensamentos, criando condições para contornar sentimentos que julga insuportáveis", explica Maria de Lourdes. A angústia é, portanto, um problema de saúde e necessita de acompanhamento. Se ela anda sufocando-o, chega de sofrer em silêncio: busque auxílio e afrouxe, de vez, esse nó dentro do peito.»

http://saude.abril.com.br/edicoes/0324/bem_estar/conteudo_563179.shtml?fb_action_ids=424343320966555&fb_action_types=og.recommends&fb_source=aggregation&fb_aggregation_id=246965925417366

sexta-feira, outubro 05, 2012

Boss AC - "Alguém me ouviu (Mantém-te Firme)" featuring Mariza

«Não me resta nada, sinto não ter forças para lutar
É como morrer de sede no meio do mar e afogar
Sinto-me isolado com tanta gente à minha volta
Vocês não ouvem o grito da minha revolta
Choro a rir, isto é mais forte do que pensei
Por dentro sou um mendigo que aparenta ser um rei
Não sei do que fujo, a esperança pouca me resta
É triste ser tão novo e já achar que a vida não presta
As pernas tremem, o tempo passa, sinto cansaço
O vento sopra, ao espelho vejo o fracasso
O dia amanhece, algo me diz para ter cuidado
Vagueio sem destino nem sei se estou acordado
O sorriso escasseia, hoje a tristeza é rainha
Não sei a alma existe mas sei que alguém feriu a minha
Às vezes penso se algum dia serei feliz
Enquanto oiço uma voz dentro de mim que diz..

Chorei
Mas não sei se alguém me ouviu
E não sei se quem me viu
Sabe a dor que em mim carrego e a angústia que se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder, nem desistir eu prometo

Busquei
Nas palavras o conforto
Dancei no silêncio morto
E o escuro revelou que em mim a Luz se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder, nem desistir eu prometo

Não há dia que não pergunte a Deus porque nasci
Eu não pedi, alguém me diga o que faço aqui
Se dependesse de mim teria ficado onde estava
Onde não pensava, não existia e não chorava
Sou prisioneiro de mim próprio, o meu pior inimigo
Às vezes penso que passo tempo de mais comigo
Olho para os lados, não vejo ninguém para me ajudar
Um ombro para me apoiar, um sorriso para me animar
Quem sou eu? Para onde vou? Donde vim?
Alguém me diga porque me sinto assim
Sinto que a culpa é minha mas não sei bem porquê
Sinto lágrimas nos meus olhos mas ninguém as vê
Estou farto de mim, farto daquilo que sou, farto daquilo que penso
Mostrem-me a saída deste abismo imenso
Pergunto-me se algum dia serei feliz
Enquanto oiço uma voz dentro de mim que me diz...

Tento não me ir abaixo mas não sou de ferro
Quando penso que tudo vai passar parece que mais me enterro
Sinto uma nuvem cinzenta que me acompanha onde estiver
E penso para mim mesmo será que Deus me quer
Será a vida apenas uma corrida para a morte?
Cada um com a sua sina, cada um com a sua sorte
Não peço muito, não peço mais do que tenho direito
Olho para trás e analiso tudo o que tenho feito
E mesmo quando errei foi a tentar fazer bem
Não sei o que é o ódio não desejo mal a ninguém
Há-de surgir um raio de luz no meio da porcaria
Porque até um relógio parado está certo duas vezes por dia
Vou-me aguentando, a esperança é a última a morrer
Neste jogo incerto que o resultado não posso prever
E quando penso em desistir por me sentir infeliz
Oiço uma voz dentro de mim que me diz... Mantém-te firme»

domingo, setembro 23, 2012

A Psicodinâmica do Borderline

 

«Kernberg e col. (Apud. Dal’Pizol, et. al., 2003) descrevem o funcionamento psicodinâmico borderline a partir de três critérios: difusão de identidade; nível de operações defensivas e capacidade de teste de realidade.
A difusão de identidade caracteriza-se como falta de integração do conceito de self e de outros significativos. Ela mostra-se na experiência subjetiva do paciente como sensação de vazio crônico, contradição nas percepções sobre si e em atitudes contraditórias.
Os mecanismos de defesa do ego mais utilizados são as defesas primitivas, centradas no mecanismo de clivagem. Para proteger o ego do conflito, recorrem à idealização primitiva, identificação projetiva, denegação, controle onipotente e desvalorização.
Os portadores TP Borderline mantêm a capacidade de teste de realidade, mas possuem alterações na sua relação com a realidade: a realidade é adequadamente avaliada, mas o comportamento é inapropriado e incoerente com a avaliação da realidade.
Segundo Bergeret (2006) os estados-limítrofes se acham circunscritos economicamente como organizações autônomas e distintas, ao mesmo tempo das neuroses e das psicoses. O autor lembra que Freud ao introduzir o conceito de narcisismo, destacado o papel do Ideal do Ego, feito a descrição da escolha anaclítica de objeto e a descoberta do papel desempenhado pelas frustrações afetivas da criança, reconhece a existência de um tipo libidinal “narcisista” sem um Superego completamente constituído, onde o essencial do conflito pós-edipiano não se situa em uma oposição entre o ego e o superego, uma fragmentação do ego se apresenta como intermediária, justamente entre a fragmentação psicótica e o conflito neurótico. Em seus últimos trabalhos Freud descreve os mecanismos da clivagem e da recusa e faz alusão a um tipo “narcisista” de personalidade.
Nos arranjos-limítrofes o ego em formação consegue ultrapassar o momento em que as frustrações da primeira idade teriam podido operar fixações pré-psicóticas tenazes e desagradáveis, não regredindo a essas fixações. Entretanto no momento em que se dava a evolução edipiana normal esses sujeitos sofreram um trauma psíquico importante. É um trauma afetivo que corresponde a uma “comoção pulsional”, ocorrida em um momento em que o ego ainda está não-organizado e demasiado imaturo no plano do equipamento, da adaptação e das defesas. O Ego imaturo busca então, integrar essa experiência (o trauma psíquico) as outras experiências do momento e interpreta essa percepção como uma frustração e uma ameaça à sua integridade narcísica. Nessas condições o sujeito não terá possibilidades de negociar essa percepção no contexto de uma economia triangular genital, como poderia fazer, um pouco mais tarde e melhor equipada, uma estrutura neurótica. Para essa pessoa será impossível se apoiar no amor por um genitor para suportar sentimentos eventualmente hostis em relação ao outro genitor. Tenderá a não saber usar o recalcamento para eliminar do consciente a tensão sexual ou agressiva, recorrerá a mecanismos mais próximos dos que emprega o psicótico (a recusa, a identificação projetiva, a clivagem das imagos, o manejo onipotente dos objetos, entre outros) (BERGERET, 2006).
Segundo Bergeret (2006) o estado-limítrofe não pode ser considerado uma verdadeira estrutura, pois permanece em uma situação somente “arranjada”, mas não estruturalmente fixada. É um esforço instável e custoso do Ego pra se manter fora das duas grandes estruturas, a linhagem psicótica, a qual no seu desenvolvimento ultrapassou, e a linhagem neurótica, a qual não conseguiu atingir.
Segundo Zimerman (2004) todas as partes inerentes a parte psicótica da personalidade estão presentes, em algum grau e forma, nesses pacientes fronteiriços; mas conservam um juízo crítico e senso de realidade. Segundo o autor a raiz do estado psicótico borderline reside nas faltas e falhas ocorridas durante o desenvolvimento emocional primitivo, com a conseqüente formação de vazios.
Bergeret (2006) localiza o estado-limítrofe como uma doença do narcisismo. O ego não consegue aceder a uma relação de objeto genital, no nível dos conflitos entre Id e Superego. A relação de objeto fica centrada em uma dependência anaclítica do outro. E o limítrofe fica se defendendo contra o perigo imediato da depressão, sofre de uma angústia de perda de objeto e de depressão e centra seus investimentos na relação de dependência em relação ao outro. A relação de objeto é uma relação a dois, onde trata-se de ser amado pelo outro, o forte, o grande, estando ao mesmo tempo separado dele como objeto distinto, mas ao mesmo tempo “apoiando-se contra ele” (anaclitismo).
Zimerman (2004) nomeia-os como portadores de uma “neurose polissintomática”, onde esses pacientes recobrem suas intensas angústias depressivas e paranóides com uma fachada de sintomas ou de traços caracteriológicos, de fobias diversas, manifestações obsessivo-compulsivas, histéricas, narcisistas, somatizadoras, perversas, etc. todas podendo ser concomitantes ou alternantes. Em casos avançados podem aparecer manifestações pré-psicóticas.
Zimerman (2004) destaca que no borderline a presença de sintomas de estranheza (em relação ao meio ambiente exterior) e de despersonalização (estranheza em relação a si próprio) estão intimamente ligados ao fato de que essas pessoas apresentam um transtorno do sentimento de identidade, o qual consiste no fato de que não existe uma integração dos diferentes aspectos de sua personalidade, e essa “não integração” resulta numa dificuldade que esse tipo de paciente tem de transmitir uma imagem integrada, coerente e consistente de si próprio. Zimerman destaca que esse tipo de estado mental decorre do fato de o borderline fazer uso excessivo da defesa da clivagem (dissociação) dos diferentes aspectos de seu psiquismo, que permanecem contraditórios ou em oposição entre si, de modo que ele se organiza como uma pessoa ambígua, instável e compartimentada. Tendem a sentir uma ansiedade difusa e uma sensação de vazio.
Segundo Kernberg (1980, apud. Vieira Junior, 1998) a dificuldade essencial do borderline é manter mesclados aspectos de violência afetiva positiva e negativa de um mesmo objeto ou de si mesmos, da qual tentariam se defender por meio de um mecanismo de splitting. Essa dificuldade de lidar com a ambivalência leva também a extensivo uso de identificações projetivas e idealizações primitivas.
Segundo Pizol, Lima et. al. (2003) as características estruturais secundárias desta organização de personalidade como manifestações de fraqueza egóica, patologias do superego e relações objetais cronicamente caóticas seriam consequências diretas da difusão de identidade e do predomínio de operações defensivas imaturas.

Tratamento terapêutico

As dificuldades enfrentadas pelo paciente borderline são muito amplas, são pessoas severamente disfuncionais; podem psicotizar numa situação de estresse; e no processo terapêutico podem regredir facilmente em resposta à sua falta de estrutura ou interromper as psicoterapias tempestuosa e impulsivamente. É preciso lidar ainda com as ameaças constantes e o risco suicida e possíveis necessidades de internação.
Em relação ao tratamento terapêutico Dal Pizol et. al. (2003) esclarecem que a psicoterapia individual pode proporcionar a exploração intrapsíquica profunda e se, reativadas as relações objetais primitivas, poderá permitir a integração dos aspectos dissociados da personalidade. A terapia de grupo permite a exploração das transferências múltiplas, a resolução das resistências interpessoais, proporciona novos modelos de identificação e apoio ao ego, bem como fornece um “laboratório” para a vivência de novos comportamentos, alem de ajudar a limitar a raiva e administrar a atuação.
A intervenção social constitui-se de uma estratégia essencial no tratamento do paciente Borderline. Segundo Gabbard (1998, apud Dal Pizol et. al.) intervenções familiares podem ser necessárias para que o tratamento tenha sucesso, sendo o primeiro passo para a identificação do papel das interações familiares na patogênese e manutenção da sintomatologia do paciente. É preciso articular a construção de toda uma rede social de apoio ao sujeito.
O borderline não é capaz de suportar grande quantidade de ansiedade. Segundo Vieira Junior (1998) a psicoterapia deve privilegiar uma abordagem mais relacional do que transferencial, mais ativa e expressiva do que passiva e expectante, mais suportiva que geradora de ansiedade.
Romaro (2002) destaca que um dos problemas no manejo terapêutico é a intensa agressão que se expressa na relação transferencial e que exige que o terapeuta possa conter, tolerar e compreender essas reações, sem agir de forma retaliatória e sem sentir sua identidade ameaçada. O impasse é transformar o comportamento destrutivo em uma específica constelação transferencial.
Na abordagem terapêutica é importante o estabelecimento de parâmetros e limites claros que norteiem o tratamento, maior atividade verbal do que geralmente se aplicaria no tratamento de outros pacientes, maior tolerância a comportamentos hostis, desestímulo a atuações e privilégio do aqui e agora em detrimento de análises de reminiscências (Vieira Junior, 1998).
Vieira Junior (1998) diz que a terapia deve buscar aliviar os sintomas angustiantes e propiciar a alteração de alguns padrões de personalidade que se mostram pouco adaptativos. O paciente deve ser levado a ter contato com suas distorções cognitivas e dinâmicas, corrigir deficiências egóicas e fortalecer habilidades sociais e fazê-lo usar a seu favor suas funções egóicas mais estáveis.
Segundo Romaro (2002) o grande desafio é criar um espaço mental onde o pensar possa ocorrer, tornando representável o irrepresentável, pois é a capacidade de representação que propicia a transformação das imagens em palavras dentro do nível da realidade, o que pode ocorrer no processo analítico por meio da introjeção das interpretações. O estabelecimento da aliança terapêutica é algo particularmente difícil, devido à alta probabilidade de ocorrência de acting-out, com manifestações transferenciais e contratransferenciais intensas exigindo que o terapeuta seja ativo, flexível e continente.
As terapias devem auxiliar o sujeito a encontrar formas mais adaptativa para enfrentamento de suas dificuldades e conflitos, ajudar a controlar o acting e os sintomas que causam sofrimentos e conflitos. É preciso considerar a heterogeneidade dos sintomas e as comorbidades. O borderline não é uma categoria homogênea, engloba sinais e sintomas diversos, além de diferentes níveis de adaptação e regressão.»


Fonte: http://artigos.psicologado.com/psicopatologia/transtornos-psiquicos/personalidade-borderline#ixzz27KJIFwuA

quinta-feira, janeiro 19, 2012

Ômega 3 no tratamento da depressão

«A suplementação com Ômega 3 melhora o controlo das emoções e do humor, prevenindo a depressão.
 O Ômega3 presente nos peixes, crustáceos e algas é um nutriente muito importante para as funções cerebrais, pois 60% do cérebro é constituído por gordura sendo que na sua maior parte de ácidos gordos Ômega 3.
  A deficiente ingestão desta gordura está associada a maior perda de memória do idoso, e a elevados níveis de sentimentos de angústia. No tratamento da depressão das crianças e dos adolescentes a toma de Ômega 3 mostrou ter a mesma, se não maior, eficácia terapêutica que os anti depressivos químicos.
  Durante a gravidez, a deficiente ingestão desta gordura está associada a menor QI verbal do filho e a suplementação com Ômega 3 melhora o desenvolvimento neurológico da criança.
   Nos bebês prematuros a sua suplementação melhora as capacidades cognitivas, sua suplementação pode ser recomendada durante a gestação e o aleitamento para suprir as necessidades acrescidas da mãe e do filho.
   Nos doentes com depressão sujeitos a tratamento farmacológico a toma de Ômega 3 (EPA e DHA) melhora o quadro clínico e os efeitos dos medicamentos, reduz a intensidade das manifestações da depressão, ansiedade, perturbações do sono e disfunção sexual, é um tratamento eficaz e muito bem tolerado na depressão.»

Fonte: http://www.tuasaude.com/omega-3-no-tratamento-da-depressao/



segunda-feira, janeiro 16, 2012

Noticia do Translational Psychiatry

«Os Maus tratos na infância, que provocam a modificação epigenética do gene do receptor de glucocorticóide (NR3C1), influenciam o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (eixo HPA). Foi investigado se os maus tratos na infância e sua gravidade estariam associados com aumento da metilação do promotor exon NR3C1 1F, em 101 pessoas com transtorno de personalidade borderline (TPB) e 99 com transtorno depressivo maior (MDD), indivíduos com, respectivamente, uma taxa alta e baixa de maus tratos na infância, e 15 indivíduos MDD comorbidade com transtorno severo pós-traumático (TEPT). O abuso sexual na infância, a sua gravidade eo número de tipo de maus-tratos é positivamente correlacionado com NR3C1 metilação (P = 6,16 × 10-8, 10-7 e 5,18 × 1,25 × 10-9, respectivamente). Na BPD, a repetição de abusos e abuso sexual com penetração estão correlacionados com uma maior porcentagem de metilação. O sangue periférico pode, portanto, servir como um proxy para os efeitos ambientais nos processos epigenéticos. Essas descobertas sugerem que os eventos de vida precoce podem de forma permanente causar impacto no eixo HPA que ocorrendo modificações epigenéticas do NR3C1. Este é um mecanismo pelo qual a maus tratos na infância podem levar para uma vida adulta psicopatológica.»

fonte: http://www.nature.com/tp/journal/v1/n12/full/tp201160a.html

segunda-feira, janeiro 02, 2012

    « Na patologia borderline, predomina a identificação primária. De facto, encontramos fortes alterações da identidade nos pacientes psicóticos e nos estados-limite. Nos primeiros, encontramos uma identidade alienígena, constituída por assimilação do que os outros disseram ao sujeito que ele era, isto é, por identificação imagóico-imagética. Nos pacientes borderline, a identidade é difusa – o indivíduo não tem uma identidade definida, o que acontece porque o indivíduo construiu-se na base da identificação imagóico-imagética e da identificação ao modelo, pouco se interrogando a si mesmo e observando a sua experiência. Neste sentido, a identidade idiomórfica está pouco organizada – o sujeito não se conhece por dentro, por aquilo que sente que é, mas por aquilo que os outros lhe dizem que ele é.

   A ansiedade de separação é muito intensa, já que o paciente borderline liga-se ao outro mais por necessidade do que por afecto.
   A capacidade de funcionar e o prazer no funcionamento estão ausentes no borderline – é um paciente que passa ao acto, não investindo na tarefa, mas apenas na finalidade. Deste modo, são pessoas com pouca capacidade lúdica e pouca capacidade de simbolização (já que esta depende aquela). A baixa tolerância à frustração e o fraco controlo dos impulsos acentua a tendência de passagem, ao acto. Nestes pacientes, o pensamento é um esforço e não um prazer.

Etiopatogenia da patologia borderline
   Segundo A. Coimbra de Matos, a etiopatogenia da patologia borderline centra-se na estimulação e resposta inadequadas, isto é, rejeitantes, de engolfamento, desnarcisantes e acusadores, actuando antes e sobretudo durante a sub-fase de reaproximação no processo de separação-individuação e em reaproximações ulteriores (fase genital infantil, período de latência ou em plena adolescência). Este tipo de relação objectal terá como consequência o acentuar do universal conflito de ambitendência e o agravamento do conflito em torno da agressividade, aumentada e dificilmente integrada na personalidade. Assim, dada a imaturidade do ego e a sobrecarga emocional a que o sujeito é exposto, s mecanismos de defesa predominantemente utilizados serão processos primitivos ou arcaicos:

•clivagem afectiva binária (bipartição do objecto em bom e mau) – processo activo de defesa contra a ambivalência extrema e insuportável (na psicose, a clivagem não é apenas afectiva, mas também geográfica – formando objectos parciais – e múltipla, o que leva à fragmentação do objecto e do self, sendo também tendencialmente passiva, ou seja, não exigindo um esforço activo da parte do indivíduo, é mais um desmoronamento por falta de coesão – desmantelamento do eu)

•projecção identificativa (projecção do mau para fora da relação privilegiada sobre um terceiro)

•denegação da realidade

•reforço da dependência com idealização objectal primária (idealização extrema e acrítica)

•erosão narcísica e da auto-imagem (diluição da identidade e ameaça de fragmentação do self)

As defesas neuróticas podem emprestar ao quadro clínico um colorido neurótico; por vezes, encontramos também defesas depressivas pela introjecção da malignidade do objecto; mais frequente é o recurso à posição maníaca – o sujeito agarra-se a satisfações pontuais, negando a realidade interior de insatisfação afectiva, abandono, desamparo e agressão.
   A defesa maníaca, ao negar a depressão por perda/carência de afecto, trava a evolução para a posição depressiva e impede a reconciliação com o objecto, bem como o estabelecimento de uma relação minimamente satisfatória. Pelo controlo agressivo e omnipotente do objecto, impede o investimento da representação objectal – o triunfo é, então, ilusório e, consequentemente, a satisfação e precária e diminuta, daí o recurso a gratificações episódicas.
   Nos pacientes borderline, o mundo interior é invadido pelo mau, que domina o bom; eclode, então, a raiva e o sentimento de vazio. Em face de tamanha ambivalência, insuportável pelo sofrimento que provoca, a clivagem impõe-se. Com a clivagem, instala-se a típica relação alternante da personalidade limite – efusão passional seguida de ataque raivoso. E as ondas positivas e negativas sucedem-se – com interregnos de apatia (anulação afectiva, aborrecimento) e redução do investimento na realidade externa – depressão limite – ou de hiperactividade maniforme ou ansiosa (busca de estímulos, passagem ao acto, irrequietude) – hipomania.
   A instabilidade do humor, das relações, da intencionalidade e dos próprios processos defensivos complementares será o denominador comum dos variados quadros clínicos que a perturbação nuclear vai apresentar. Por outro lado, encontramos difusão da identidade e indecisão ou alternância na orientação libidinal, logo, ambiguidade na identidade sexual.
   Este síndrome, em qualquer idade que se apresente, traduz um conflito intrapsíquico não resolvido à volta da separação do objecto primário, isto é, a dolorosa fixação do paciente num estado de certa simbiose/dependência com a figura materna e/ou dos seus substitutos, extensões geográficas ou representantes simbólicos. A frequência com que encontramos nestes pacientes uma mãe, ou um pais (ou ambos) com características simbiônticas – desejando e vivendo predominantemente em simbiose – é enorme, o que nos leva a considerar a importância etiológica da personalidade borderline do objecto materno.
   É precisamente a necessidade que alguns pais têm de que os filhos preencham as suas lacunas narcísicas, rejeitando-os quando assim não acontece, que pode fabricar um caso-limite. Neste sentido, a simbiose da qual o paciente tem dificuldade em sair não é só produto de um período simbiótico infantil insuficiente ou insuficientemente vivido – por carência sistemática, abandonos drásticos e frequentes – mas também da traça simbiôntica do objecto parental, o que impede o desprendimento evolutivo e favorece o laço simbiótico.
   São mães e pais que gratificam a simbiose-dependência e atacam os desejos, impulsos ou comportamentos autónomos da criança, isto é, toda a sua exploração e autonomia é sistematicamente reprovada, reprimida e diminuída, ao mesmo tempo que é estimulado, valorizado e premiado o comportamento de aproximação e de apego. Logo, o percurso evolutivo é travado e distorcido por um predomínio do sistema de apego sobre o sistema de exploração.
   É uma verdadeira cultura de colonização dos filhos – o filho é uma espécie de prótese ou adorno dos pais e só é valorizado enquanto tal, quando e como desempenha essa função. Frequentemente, à excessiva simbiose com a mãe, soma-se a carência paterna, por ausência ou indisponibilidade afectiva; o que reforça ainda mais a simbiose.
   Uma outra característica destes pacientes é o ressentimento, que depende da vulnerabilidade narcísica. O ressentimento é indomável, violento e duradouro, provocando desejo de vingança, retracção e ruptura relacional – a ruptura por ressentimento, tendencialmente definitiva, duradoura e dissolvente da relação objectal.
   Assim, a representação do objecto apaga-se, quase desaparece, e daí o vazio, a desertificação do mundo interior, o esbatimento ou semi-perda do objecto interno. A constância afectiva do objecto (permanência no mundo interno) é atingida – donde, a dificuldade em evocá-lo na sua ausência, principalmente, de recordá-lo de um modo vivo, animado e relacional, revivendo saudosamente o passado e construindo uma fantasia de agradável reencontro, um romance interior. No paciente limite, a recordação existe, mas é pungente e dolorosa e a sua depressão – a depressão limite – aproxima-se da depressão psicótica, do buraco depressivo.
   O mecanismo típico da personalidade borderline é a clivagem afectiva do objecto, que perde, assim, a sua continuidade afectiva como defesa contra a insuportável ambivalência, o intolerável vivido de sentir-se rejeitado pelo objecto. Pela clivagem, instala-se a alternância da relação boa e má, ou seja, relação de objecto aceite porque aceitante e rejeitado porque rejeitante.
   A consequência é a clivagem do self – bom self, identificado com o bom objecto, e mau self, identificado com o mau objecto. Esta relação clivada e alternante é a característica dinâmica mais típica da personalidade borderline, que acentua e torna perene a sua conhecida instabilidade.
   Ao nível da consciência psicológica borderline, em que a percepção/representação do próprio está ligada à percepção/representação do objecto, a perda deste é seguida de perda no self. Verifica-se, então, por curta que a vivência de falta seja, uma angústia de morte – este vazio ou desaparecimento do essencial traduz a experiência borderline primária, que pela vida fora se repetirá, por evocação emocional reflexa, sempre que algo de semelhante seja vivido na realidade actual.



Psicopatologia
   O paciente limite, ao invés do psicótico, mantém o investimento no mundo exterior – a decepção com alguém ou o desprazer com uma situação leva-o à ruptura do laço afectivo e ao desinvestimento da realidade circunstancial, porém, é uma retirada limitada à pessoa ou situação frustrante. Trata-se, em regra, de um desinvestimento maciço do objecto, mas só do objecto em causa, com apagamento da sua representação.
   A difusão da identidade, característica importante destes pacientes, tem aqui, nesta dificuldade de persistir nos investimentos, uma das suas mais importantes raízes. Assim, a fim de limitar o sofrimento e a decepção, em face de circunstâncias desagradáveis ou mesmo insuportáveis, o paciente limite retira-se e desinveste, investindo noutros objectos.
   Assim, após ruptura amorosa, a face negativa do objecto eclipsa o bom objecto; de qualquer forma, o sujeito retoma o investimento – se não do mesmo, de outro objecto; se não libidinalmente, agressivamente. É uma eleição narcísica – o sujeito reflecte-se no espelhado do objecto ou aquece-se ao seu brilho e participa na sua grandiosidade; ou ainda porque o objecto o representa, é um duplo narcísico – a sua imagem especular. Neste último caso, quando o tempo e a realidade lhe mostra as diferenças, irrita-se, decepciona-se e abandona. É, aqui, uma escolha por projecção do eu ideal.
   A sua vida é pontuada de grandes estusiasmos/amores ardentes, cedo abandonados, porque rapidamente frustrantes, pela não correspondência o ideal desejado. Muito desejado, porque nunca obtido, não fora essa a sua falta básica – a de um amor materno/paterno de qualidade indiscutível, um afecto incondicional.
   Em face do comportamento parental de exigência e sucção, a criança ou se deprime e culpabiliza ou se torna um revoltado agressivo e disfórico; a insuficiência narcísica com defesa pela retracção, arrogância e supercompensação configurando o quadro da personalidade narcísica ou o desenvolvimento de uma personalidade anti-social são também saídas possíveis.
   Outro aspecto significativo do funcionamento limite é a existência de uma certa confusão entre percepção e fantasia, realidade exterior e realidade interna. A intensidade do afecto que impregna as fantasias do paciente limite é tal que facilmente elas adquirem o cunho de realidade. Complementarmente, a violência emocional com que as percepções ressoam é frequentemente tão grande que, com facilidade, estas são de tal maneira distorcidas que já pouco têm que ver com o real observado.
   O paciente limite recorre abundantemente à identificação projectiva. Tendo atingido o nível da tridimensionalidade – com o reconhecimento do mundo/espaço interno do objecto e desenvolvimento do seu próprio mundo interno -, mas não tendo conseguido ainda uma suficiente estabilidade, coesão, domínio e aceitação do seus conteúdos internos, é-lhe fácil desembaraçar-se daquilo que o incomoda ou causa problemas projectando-o no outro. Esses conteúdos, reconhecidos então como alheios, deixam de perturbar o self e são mais bem controlados. É uma evacuação agressiva, que dá às relações um cariz paranóide, mas alivia a tensão e o conflito intrapsíquicos. É, por outro lado, debilitante, porque produz um certo esvaziamento do self.
   Mais frequentemente, o borderline projecta no objecto externo actual ou em pessoas circunstanciais atributos do objecto interno arcaico. Esta projecção identificativa tem por principal finalidade conservar a boa relação com o objecto eleito, desembaraçando este dos seus defeitos mais desagradáveis. É uma projecção para fora da relação privilegiada, que se quer defender e preservar da toxicidade.
   A angústia de separação, a depressão de abandono, o sentimento de solidão e desamparo (falta e inacessibilidade do objecto) e de vazio interior (não consolidação do introjecto objectal orbitário) traduzem em linguagem semiológica o desconforto e mal-estar, a aflição, a tristeza e o desespero específicos destes pacientes. Verdadeiramente só e vazio, porque sem representação evocável do objecto anaclítico, a segurança interior do paciente borderline assenta fundamentalmente no objecto externo.



Tratamento
A patologia borderline é a patologia da insegurança, da perda objectal precoce e da ferida narcísica profunda, o que impõe uma reconstrução analítica que permita a emergência dos afectos perdidos, uma construção da transferência que facilite a restauração do self e uma capacidade de sonho e autorização de liberdade no analista capazes de promover a eclosão do funcionamento mental criador do analisando.


O tratamento psicológico da perturbação borderline visa:


•compreensão, análise e resolução transfero-contratransferencial da depressão de desamparo

•restauração da falha narcísica através da transferência simbiótica, que permite uma contínua, consistente e não traumática progressão para a separação, individuação e autonomia

•diferenciação, confirmação da identidade própria e afirmação de intenção e desejo

O tratamento da clivagem pela interpretação sistemática da transferência negativa no aqui e agora do vivido da sessão – a insuportável ambivalência que a determinava vai-se temperando pela experiência de não retaliação nem abandono ou desprezo e pela simultânea constatação da permanência do bem-estar e contentamento do objecto analítico

segunda-feira, dezembro 26, 2011

O que é a Psicoterapia Cognitiva Comportamental -Kelen de Bernardi Pizol - psicóloga, São Paulo

   «A psicoterapia cognitiva ou cognitiva comportamental é uma abordagem psicoterápica que integra várias dimensões importantes do ser humano para explicar como somos e como nossa psiquê funciona. Nesta visão, os pensamentos, as emoções, as crenças, as ações, o meio no qual se vive, sua história, as memórias, todos estes aspectos estão interligados e juntos formam o modo todo especial de ser de cada um. Então, tudo isso é levado em conta no processo psicoterápico, para se entender o que está acontecendo com aquela pessoa e se poder direcionar e aprofundar a psicoterapia do melhor modo diante dos objetivos que a levaram a procurar o psicólogo.
   O psicólogo e o paciente trabalham juntos durante as sessões procurando conhecer as crenças e pensamentos mais importantes para a vida e a problemática do paciente e entender suas emoções e comportamentos. É uma abordagem cooperativa. Assim como detetives, eles vão juntando pistas e trabalhando com hipóteses, que podem ser descartadas ou demonstrar-se corretas no decorrer da psicoterapia. Quando os pensamentos e, principalmente, as crenças que aquela pessoa construiu estão prejudicando-a de alguma forma, procura-se por modos alternativos de se ver e/ou de se comportar frente às situação ou emoções que os suscitam ou ativam. Aos poucos isso vai sendo integrado em sua vida fora das sessões, auxiliando-a a lidar com suas dificuldades específicas e outras que ela venha a enfrentar no seu dia-a-dia. Além disso, o psicólogo pode passar tarefas para o paciente fazer entre as sessões, já que a maior parte do tempo ele está fora do consultório e não em sessão...
   O modo que a pessoa age frente às situações também é importante na psicoterapia cognitiva e dependendo da especificidade do caso, é dada maior ênfase à mudança de comportamentos, principalmente no início.
   O objetivo geral principal da psicoterapia cognitiva comportamental é modificar os pensamentos e comportamentos e - indiretamente - as emoções que levam aquela pessoa a sofrer e a ter uma qualidade de vida ruim.
   Além da visão integradora do ser humano, a psicoterapia cognitiva comportamental é uma psicoterapia que integra diferentes tipos de conhecimento psicológico. Com os avanços em psicologia e em neurofisiologia, com pesquisas comparativas abrangendo diferentes métodos de tratamento e diferentes transtornos, pôde-se criar uma base teórica consistente e coerente, abrangendo ao mesmo tempo técnicas e procedimentos válidos utilizados em outros tipos de psicoterapia. Então, nesse tipo de psicoterapia, o psicólogo integra os conhecimentos reconhecidamente funcionais do behaviorismo, da psicoterapia centrada no cliente, técnicas de psicodrama e da gestalt, entre outros.
  Em vários casos, é uma psicoterapia de curta duração, durando poucos meses, pois ela é desde o início direcionada à melhora dos sintomas do paciente e aos seus objetivos específicos. Logicamente, a duração e o progresso na psicoterapia dependem de vários fatores, como a possibilidade de se fazer o número de sessões adequadas àquele caso, a disposição do paciente em colaborar com seu tratamento, o tipo e a cronicidade do problema, entre outros. Por exemplo, a psicoterapia é mais prolongada quando há mais de um transtorno envolvido ou para transtornos de personalidade.
   Devido aos bons resultados que vêm sendo demonstrados, a psicoterapia cognitiva comportamental tem sido indicada para uma variedade de transtornos e conflitos psicológicos. Estão entre eles os transtornos ansiosos (transtorno de ansiedade generalizada, transtorno do pânico, transtorno obsessivo compulsivo, fobias específicas, fobia social, transtorno do estresse pós-traumático), a depressão, os transtornos alimentares (bulimia, anorexia), problemas somáticos (stress, hipocondria, etc), disfunções sexuais (vaginismo, ejaculação precoce, etc), problemas de relacionamento (como dificuldades conjugais), ciúmes mórbido ou patológico, tabagismo, etc. (...)»

quarta-feira, outubro 26, 2011

Transtorno Esquizoafetivo pelo DSM-IV


Características e Aspectos Associados

A característica essencial do Transtorno Esquizoafetivo é um período ininterrupto de doença durante o qual, em algum momento, existe um Episódio Depressivo Maior, Maníaco ou Misto, concomitante com sintomas que satisfazem o Critério A para Esquizofrenia (Critério A). Além disso, durante o mesmo período de doença, ocorreram delírios ou alucinações por pelo menos duas semanas na ausência de sintomas proeminentes de humor (Critério B). Finalmente, os sintomas de humor estão presentes por uma porção substancial da duração total da doença (Critério C). Os sintomas não devem decorrer dos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (por ex., cocaína) ou de uma condição médica geral (por ex., hipertiroidismo ou epilepsia do lobo temporal) (Critério D). A fim de satisfazerem os critérios para Transtorno Esquizoafetivo, as características essenciais devem ocorrer dentro de um único período ininterrupto de doença. A expressão “período de doença”, tal como utilizada aqui, refere-se a um período de tempo durante o qual o indivíduo continua apresentando sintomas ativos ou residuais de doença psicótica. Para alguns indivíduos, este período de doença pode durar anos ou mesmo décadas. Um período de doença é considerado findo quando o indivíduo se recuperou completamente por um intervalo significativo de tempo e não mais apresenta quaisquer sintomas significativos do transtorno. A fase da doença com sintomas psicóticos ou de humor concomitantes caracteriza-se por satisfazer todos os critérios, tanto para a fase ativa da Esquizofrenia (a saber, Critério A) quanto para Episódio Depressivo Maior, Episódio Maníaco ou Episódio Misto. A duração do Episódio Depressivo Maior deve ser de no mínimo 2 semanas; a duração do episódio maníaco ou misto deve ser de pelo menos 1 semana. Como os sintomas psicóticos devem ter uma duração total de pelo menos 1 mês para satisfazerem o Critério A para Esquizofrenia, a duração mínima de um Episódio Esquizoafetivo também é de 1 mês. Uma característica essencial de um Episódio Depressivo Maior é a presença de humor deprimido ou interesse ou prazer acentuadamente diminuídos. Como a perda de interesse ou prazer também é comum nos Transtornos Psicóticos não-afetivos, a fim de satisfazer o Critério A para Transtorno Esquizoafetivo, o Episódio Depressivo Maior deve incluir humor deprimido global (isto é, não basta a presença de interesse ou prazer acentuadamente diminuídos). A fase da doença apenas com sintomas psicóticos é caracterizada por delírios ou alucinações que duram pelo menos 2 semanas. Embora alguns sintomas de humor possam estar presentes durante esta fase, eles não predominam. Esta determinação pode ser difícil e exigir uma observação longitudinal, além de múltiplas fontes de informações. Os sintomas do Transtorno Esquizoafetivo podem ocorrer em uma variedade de padrões temporais. O seguinte é um padrão típico: um indivíduo pode ter alucinações auditivas e delírios persecutórios pronunciados por 2 meses antes do aparecimento de um Episódio Depressivo Maior proeminente. Os sintomas psicóticos e o Episódio Depressivo Maior plenos estão presentes, então, por 3 meses. Depois, a pessoa recupera-se completamente do Episódio Depressivo Maior, mas os sintomas psicóticos persistem por mais 1 mês antes de também desaparecerem. Durante este período de doença, os sintomas do indivíduo satisfazem concomitantemente os critérios para Episódio Depressivo Maior e o Critério A para Esquizofrenia e, durante este mesmo período de doença, as alucinações auditivas e os delírios estiveram presentes tanto antes quanto após a fase depressiva. O período total de doença durou cerca de 6 meses, com a presença de sintomas psicóticos isolados durante os 2 meses iniciais, sintomas depressivos e psicóticos durante os 3 meses seguintes e apenas sintomas psicóticos durante o último mês. Neste caso, a duração do Episódio Depressivo não foi breve, relativamente à duração total da perturbação psicótica, de modo que a apresentação se qualifica para um diagnóstico de Transtorno Esquizoafetivo. O Critério C para Transtorno Esquizoafetivo especifica que os sintomas de humor que satisfazem aos critérios para um episódio de humor devem estar presentes por uma porção substancial de todo o período de doença. Se os sintomas de humor estão presentes apenas por um período relativamente breve, o diagnóstico é de Esquizofrenia, e não Transtorno Esquizoafetivo. Ao avaliar este critério, o clínico deve determinar a proporção de tempo durante o período contínuo da doença psicótica (isto é, sintomas ativos e residuais) no qual ocorreram sintomas significativos de humor acompanhando os sintomas psicóticos. A operacionalização do que queremos dizer com “uma porção substancial de tempo” requer julgamento clínico. Por exemplo, um indivíduo com uma história de 4 anos de sintomas ativos e residuais de Esquizofrenia desenvolve um Episódio Depressivo Maior sobreposto que dura cinco semanas, durante as quais persistem os sintomas psicóticos. Esta apresentação não satisfaria o critério para “uma porção substancial da duração total”, uma vez que os sintomas que satisfazem os critérios para um episódio de humor ocorreram apenas durante 5 semanas de um total de 4 anos da perturbação. O diagnóstico, neste exemplo, continua sendo de Esquizofrenia, com o diagnóstico adicional de Transtorno Depressivo Sem Outra Especificação para indicar o Episódio Depressivo Maior sobreposto.


Subtipos

Dois subtipos de Transtorno Esquizoafetivo podem ser anotados com base no componente de humor do transtorno:

F25.0 – Tipo Bipolar. Este subtipo aplica-se se um Episódio Maníaco ou Episódio Misto faz parte da apresentação. Episódios Depressivos Maiores também podem ocorrer.

F25.1 – Tipo Depressivo. Este subtipo aplica-se quando apenas Episódios Depressivos Maiores fazem parte da apresentação.

Características e Transtornos Associados

Pode haver um fraco funcionamento ocupacional, uma faixa restrita de contato social, dificuldades com os cuidados pessoais e um aumento no risco de suicídio em associação com o Transtorno Esquizoafetivo. Os sintomas residuais e negativos geralmente são menos severos e menos crônicos do que aqueles vistos na Esquizofrenia. Os indivíduos com Transtorno Esquizoafetivo podem estar em maior risco para o desenvolvimento posterior de episódios de um Transtorno do Humor puro (por ex., Transtorno Depressivo Maior ou Transtorno Bipolar) ou de Esquizofrenia ou Transtorno Esquizofreniforme. Pode haver transtornos associados Relacionados ao Álcool ou Relacionados a Outras Substâncias. Evidências clínicas limitadas sugerem que o Transtorno Esquizoafetivo pode ser precedido por Transtorno da Personalidade Esquizóide, Esquizotípica, Borderline ou Paranóide.

Características Específicas à Cultura, à Idade e ao Gênero

Para uma discussão adicional de fatores de cultura, idade e gênero relevantes à avaliação dos sintomas psicóticos, consultar o texto para Esquizofrenia, e para uma discussão dos fatores relevantes ao diagnóstico de Transtornos do Humor,. O Transtorno Esquizoafetivo, Tipo Bipolar, pode ser mais comum em adultos jovens, enquanto o Transtorno Esquizoafetivo, Tipo Depressivo, pode ser mais comum em adultos mais velhos. Comparado com a Esquizofrenia, o Transtorno Esquizoafetivo provavelmente ocorre com maior freqüência em mulheres.

Prevalência

Não há informações detalhadas disponíveis, mas o Transtorno Esquizoafetivo parece ser menos comum que a Esquizofrenia.

Curso

A idade típica de início do Transtorno Esquizoafetivo provavelmente se situa nos primeiros anos da idade adulta, embora possa ocorrer desde qualquer momento da adolescência até uma idade mais avançada. O prognóstico para o Transtorno Esquizoafetivo é um pouco melhor que o prognóstico para a Esquizofrenia, mas consideravelmente pior do que para Transtornos do Humor. Uma disfunção ocupacional e social significativa não é incomum. O resultado do Transtorno Esquizoafetivo, Tipo Bipolar, pode ser melhor do que o do Transtorno Esquizoafetivo, Tipo Depressivo.

Padrão Familiar

Existem evidências substanciais de um risco aumentado para Esquizofrenia em parentes biológicos em primeiro grau de indivíduos com Transtorno Esquizoafetivo. A maioria dos estudos também mostra que os parentes de indivíduos com Transtorno Esquizoafetivo estão em maior risco para Transtornos do Humor.

Diagnóstico Diferencial

Condições médicas gerais e uso de substâncias podem apresentar uma combinação de sintomas psicóticos e de humor. Transtorno Psicótico Devido a uma Condição Médica Geral, delirium ou demência são diagnosticados quando existem evidências, a partir da história, exame físico ou testes laboratoriais, indicando que os sintomas são a conseqüência fisiológica direta de uma condição médica geral específica. Transtorno Psicótico Induzido por Substância e Delirium Induzido por Substância são diferenciados do Transtorno Esquizoafetivo pelo fato de que uma substância (por ex., uma droga de abuso, um medicamento ou exposição a uma toxina) presumivelmente está etiologicamente relacionada com os sintomas. A distinção entre Transtorno Esquizoafetivo, Esquizofrenia e Transtorno do Humor com Aspectos Psicóticos freqüentemente é difícil. No Transtorno Esquizoafetivo, deve haver um episódio de humor concomitante com os sintomas da fase ativa da Esquizofrenia, os sintomas de humor devem estar presentes por uma porção substancial da duração total da perturbação e os delírios ou alucinações devem estar presentes por pelo menos 2 semanas, na ausência de sintomas proeminentes de humor. Em comparação, os sintomas de humor na Esquizofrenia têm uma duração breve em relação à duração total da perturbação, ocorrem apenas durante as fases prodrômica ou residual ou não satisfazem todos os critérios para um episódio de humor. Se os sintomas psicóticos ocorrem exclusivamente durante períodos de perturbação do humor, o diagnóstico é Transtorno do Humor com Aspectos Psicóticos. No Transtorno Esquizoafetivo, os sintomas não devem ser atribuídos a um episódio de humor se forem claramente decorrentes de sintomas de Esquizofrenia (por ex., dificuldade para dormir em razão de alucinações auditivas perturbadoras, perda de peso porque o alimento é considerado envenenado, dificuldade para concentrar-se em vista da desorganização psicótica). A perda de interesse ou prazer é comum em transtornos psicóticos não-afetivos; portanto, a fim de satisfazer o Critério A para Transtorno Esquizoafetivo, o Episódio Depressivo Maior deve incluir um humor globalmente deprimido. Uma vez que a proporção relativa de sintomas de humor para sintomas psicóticos pode mudar durante o curso da perturbação, o diagnóstico apropriado para um episódio individual da doença pode mudar, de Transtorno Esquizoafetivo para Esquizofrenia (por ex., um diagnóstico de Transtorno Esquizoafetivo para um Episódio Depressivo Maior severo e proeminente com duração de 3 meses, ocorrendo durante os primeiros 6 meses de uma doença psicótica crônica, seria mudado para Esquizofrenia se os sintomas psicóticos ativos ou residuais proeminentes persistissem por vários anos sem a recorrência de outro episódio de humor). O diagnóstico também pode mudar para episódios diferentes da doença separados por um período de recuperação. Por exemplo, um indivíduo pode ter um episódio de [284]sintomas psicóticos que satisfazem o Critério A para Esquizofrenia durante um Episódio Depressivo Maior, recuperar-se completamente deste episódio e, mais tarde, desenvolver 6 semanas de delírios e alucinações sem sintomas proeminentes de humor. O diagnóstico, neste caso, não é Transtorno Esquizoafetivo, porque o período de delírios e alucinações não foi contínuo ao período inicial da perturbação. Ao invés disso, os diagnósticos apropriados são, para o primeiro episódio, Transtorno do Humor com Aspectos Psicóticos, Em Remissão Completa, e Transtorno Esquizofreniforme (Provisório) para o episódio atual. Perturbações do humor, especialmente depressão, em geral se desenvolvem durante o curso de um Transtorno Delirante. Entretanto, essas apresentações não satisfazem os critérios para Transtorno Esquizoafetivo, porque os sintomas psicóticos no Transtorno Delirante são restritos a delírios não-bizarros e, portanto, não satisfazem o Critério A para Transtorno Esquizoafetivo. Quando existem informações insuficientes envolvendo a relação entre os sintomas psicóticos e de humor, Transtorno Psicótico Sem Outra Especificação pode ser o diagnóstico mais apropriado.





Critérios Diagnósticos para F25.x – 295.70 Transtorno Esquizoafetivo

A. Um período de doença ininterrupto durante o qual, em algum momento, existe um Episódio Depressivo Maior, um Episódio Maníaco ou um Episódio Misto, concomitante com sintomas que satisfazem o Critério A para Esquizofrenia.
Nota: O Episódio Depressivo Maior deve incluir o Critério A1: humor deprimido.

B. Durante o mesmo período de doença, ocorreram delírios ou alucinações por pelo menos 2 semanas, na ausência de sintomas proeminentes de humor.

C. Os sintomas que satisfazem os critérios para um episódio de humor estão presentes por uma porção substancial da duração total dos períodos ativo e residual da doença.

D. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (por ex., uma droga de abuso, um medicamento) ou a uma condição médica geral.

Especificar tipo:
Tipo Bipolar: se a perturbação inclui um Episódio Maníaco ou Misto (ou um Episódio Maníaco ou Misto e Episódios Depressivos Maiores). Tipo Depressivo: se a perturbação apenas inclui Episódios Depressivos Maiores.





terça-feira, outubro 25, 2011

Doenças emocionais



Publicado por Nelson S. Lima em 21 janeiro 2009 às 19:19 em O CÓDIGO DAS EMOÇÕES
Muito raramente se fala ou escreve sobre patologias emocionais, excepção feita aos estados depressivos (de que existem diversos tipos), à ansiedade crónica (geralmente um traço de personalidade), aos alarmantes ataques de pânico e às incapacitantes fobias.

Agora gostaria de referir o facto de que alguns problemas mentais serem, efectivamente, patologias de foro afectivo/emocional. Espero com este tópico aguçar o "apetite" para o tema das emoções e, em particular, para o seu Código.

Descrevo sumariamente a seguir algumas perturbações de foro emocional que são já problemas de natureza psiquiátrica.



ALEXITIMIA: as pessoas que sofrem deste problema têm muita dificuldade em discernir sobre as suas próprias emoções e descrever os sentimentos. Pode ser induzida por abuso de drogas, stress pós-traumático, problemas vasculares estando presente no autismo e na esquizofrenia.

ANEDONIA: incapacidade total ou parcial de obter e sentir prazer no dia-a-dia, geralmente associada à APATIA (ver adiante). Presente nos estados depressivos.

APAGAMENTO EMOCIONAL: não há expressão das emoções; a pessoa não transmite qualquer estado emocional visível no rosto, no olhar, na boca (ausência de expressão).

APATIA: geralmente é uma situação decorrente da depressão. O humor está muito diminuído e há falta de interesse, motivação e desejo. Incapacidade de sentir afectos. Certas doenças mentais podem provocar esta situação.

EMBOTAMENTO EMOCIONAL: neste caso significa que a pessoa não sente normalmente as emoções; estas parecem apagadas no que se refere à intensidade e, por isso, quase não se percebe o que ela realmente sente. Aparece na demência, em certas lesões cerebrais e nos doentes psicóticos.

DISFORIA: diferente da ansiedade, a disforia é um estado de humor desagradável e negativo que inclui desconforto emocional e intranquilidade.

EUFORIA: humor de sinal positivo, elevado, contentamento que pode ser extremo. Pode ser uma "alegria patológica", já com carácter preocupante e a necessitar de ajuda psiquiátrica.

HUMOR ANSIOSO: sensação de apreensão, tensão interior, que pode exprimir-se através de palpitações, náuseas, sudação e outras alterações fisiológicas.

HUMOR DEPRIMIDO: equivale a um estado de tristeza e disforia (ver atrás).

NEOTIMIA: problema decorrente de psicose que envolve sentimentos e estados afectivos inteiramente novos, estranhos e até bizarros para o doente.

PUERILIDADE: vida afectiva superficial, nenhum afecto profundo, a pessoa ri ou chora por motivos banais.

RESTRIÇÃO EMOCIONAL: sucede nos casos da pessoa com dificuldade em sentir certas emoções. Pode ser temporário ou indicar alguma perturbação afectiva.

Fonte (resumo): O CÓDIGO DAS EMOÇÕES (Nelson S. Lima)

quinta-feira, setembro 29, 2011

Relatoório

Muitos dias preenchidos de alegria. Alguns, com profundos sentimentos de vazio. E uma réstea de dias de completo desespero. A média estatistica está muito positiva!

quarta-feira, janeiro 19, 2011

«Não existe maior loucura no mundo, do que um homem entrar em desespero.»
Miguel de Cervantes

sábado, novembro 06, 2010

Proposta de revisão da definição de transtorno de personalidade Borderline para o DSM-V

«As pessoas que correspondem a este tipo de transtorno de personalidade, têm um conceito de si próprios extremamente frágil ,  que é facilmente rompido e fragmentado sob stresse e resultam numa experiência de falta de identidade ou de sentimentos crônicos de vazio. Como resultado, eles têm uma pobre e / ou instável estrutura própria e uma dificuldade permanente em manter relacionamentos íntimos. A auto-avaliação que fazem de si é freqüentemente associada com a auto-aversão, raiva e desânimo. Os indivíduos com este transtorno experiênciam uma rápida mutação, intensa e imprevisível, com emoções reativas que podem tornar-se extremamente ansiosas ou deprimidas. Eles também podem ficar com raiva ou serem hostis, e se sentem incompreendidos, maltratados ou vítimizados. Eles podem se envolver em actos verbais ou físicos de agressão quando estão com raiva. As reações emocionais são geralmente em resposta a eventos negativos interpessoais que envolvem a perda ou decepção.

Os relacionamentos são baseados na fantasia de que outros são  necessários  para a sobrevivência, a dependência excessiva e  medo de rejeição e / ou abandono. A dependência envolve tanto um apego inseguro, uma dificuldade intensa em tolerar a solidão, o medo intenso de perda, abandono ou rejeição por parte de outros que são significativos, e a urgente necessidade de contato com esses quando está stressado ou angustiado, acompanhada às vezes por um comportamento subserviente, de submissão. Ao mesmo tempo, o envolvimento intenso e íntimo com outra pessoa, muitas vezes leva ao medo da perda da identidade do indivíduo. Assim, as relações interpessoais são altamente instáveis e alternam entre a dependência excessiva e a fuga do envolvimento. A empatia para com os outros é severamente prejudicada.

Os traços emocionais e de comportamento interpessoal podem estar associados a uma desregulação cognitiva, ou seja,as  funções cognitivas podem ficar prejudicadas  em momentos de stress, levando ao processamento de informações de forma concreta, a preto e branco, tudo ou nada, a reações quase-psicóticas, incluindo a paranóia e a dissociação, que podem evoluir para a psicose transitória. Os indivíduos com este tipo de transtorno são tipicamente impulsivos, agindo na fúria do momento, e freqüentemente se envolvem em atividades com conseqüências potencialmente negativas. Atos deliberados de automutilação (por exemplo, corte, queima), a ideação suicida e tentativas de suicídio ocorrem tipicamente no contexto de sofrimento intenso e disforia, particularmente no contexto de sentimentos de abandono, quando uma relação importante é interrompida. Este sofrimento intenso também pode levar a outros comportamentos de risco, incluindo abuso de substâncias, direcção imprudente, comer compulsivamente, ou promiscuidade sexual.



A. Tipo de classificação. Taxa de personalidade do paciente, utilizando a escala de 5 pontos abaixo. Circule o número que melhor descreve a personalidade do paciente.

5 = Muito Bom -  correspondente a paciente exemplifica este tipo
4 = Bom - correspondente a Paciente significativamente semelhante a este tipo de
3 = moderado  - correspondendo a paciente tem características proeminentes deste tipo
2 = Leve  - correspondendo a  paciente tem características menores deste tipo
1 = sem correspondência - a descrição não se aplica

B. Avaliação dos Traços. Taxa medida em que as seguintes características associadas ao tipo "borderline" são descritivos do paciente usando esta escala de quatro pontos:

0 = Muito pouco ou nada descritiva
1 = Levemente descritiva
2 = moderadamente descritiva
3 = extremamente descritiva

Descrição
1. Emoções negativas: labilidade emocional
Tendo experiências emocionais instáveis e alterações do humor. Tter emoções,que são facilmente despertados, intensose / ou fora de proporção em relação aos eventos e circunstâncias.

2. Emoções negativas: automutilação
Engajar-se em pensamentos e comportamentos relacionados à auto-destruição (por exemplo, o corte intencional ou queima) e suicídio, incluindo ideação suicida, ameaças, gestos e tentativas.

3. Emoções negativas: insegurança /separação.
Os medos de rejeição por parte, e / ou separação de outras pessoas que lhe são significativas; aflição quando outros não estão presentes ou disponíveis.

4. Emoções negativas: ansiedade
Os sentimentos de nervosismo, tensão e / ou estar na ponta; preocupar-se com experiências desagradáveis do passado e as possibilidades futuras negativas; sentimentos de medo e ameaçados pela incerteza.

5. Emoções negativas: Baixa auto-estima
Ter uma opinião negativa das suas habilidades, e acreditando que é um inútil, ou não gostar de estar insatisfeito consigo mesmo, acreditando que não se pode fazer coisas ou não consegue fazê-las bem.

6. Emoções negativas: depressividade
Ter sentimentos freqüentes de estar por baixo / infeliz / depressão / sem esperança; ; crença de que é simplesmente uma pessoa / triste, deprimido

7. Antagonismo: Hostilidade
Irritabilidade, temperamento quente,  ser hostil, rude, grosseiro ou desagradável; responder com raiva, desprezo e insultos

8. Antagonismo: Agressão
Sendo cruel, ou de coração frio; ser verbalmente, emocionalmente, ou fisicamente abusivo; humilhar os outros, sem boa vontade e voluntariamente se engajar em atos de violência contra pessoas e objetos; beligerância activa e aberta ou vingança, usando dominação e intimidação para controlar outros

9. Desinibição: Impulsividade
Agindo no impulso do momento em resposta a estímulos imediatos, agindo de forma momentânea, sem um plano ou consideração de resultados, com dificuldade em estabelecer e seguir planos; incapacidade de aprender com a experiência

10. Esquizotipico: Propensão a dissociação
Tendência a experimentar interrupções no fluxo da experiência consciente, "perda de noção do tempo", (por exemplo, o desconhecimento de como se foi para determinadolocal), sentindo-se num ambiente estranho ou irreal

Fonte de matéria:http://www.dsm5.org/ProposedRevisions/Pages/proposedrevision.aspx?rid=17#

sexta-feira, setembro 24, 2010

Quando passo estas fases de sentimentos crónicos de vazio,
acho que me transformo num boneco.
Vazio.
Quase morta.
Não sou capaz de sentir
alegria, nem tristeza
raiva, ou paz
amor ou ódio,
nem saudade.
Nada.

quinta-feira, setembro 16, 2010

« Pesquisas recentes têm vindo a confirmar as evidências de que pacientes com transtorno de personalidade borderline (BPD) sofrem de importantes distúrbios neuropsicológicos.A disfunção neurocognitiva  parece afetar principalmente as funções características das áreas pré-frontais do cérebro, que participam no processamento de informação, gestão e regulação das respostas comportamentais complexas. Distúrbios neuropsicológicos são vistos nas provas específicas e poderão reflectir um papel importante nas manifestações clínicas do transtorno borderline, como a desregulagem emocional e comportamentos impulsivos. A terapia de reabilitação neurocognitiva foi utilizada com êxito em transtornos psiquiátricos como esquizofrenia, também caracterizada pela presença de disfunções neuropsicológicas. »

terça-feira, agosto 24, 2010

domingo, agosto 22, 2010

Dicas para vencer a preguiça

A Preguiça é a inimigo número 1 da produtividade, comprometendo o nosso tempo e saúde, e torna-se facilmente uma barreira para conquistar metas a longo prazo, aquelas metas que são realmente importantes.
É necessário entender que a preguiça é uma batalha psicológica entre nós e a inércia e, se quisermos progredir, vamos ter que vencer a  preguiça.

1. Exercite-se
Podemos sentirmo-nos preguiçosos se não tivermos energia suficiente para o dia a dia. Uma rotina diária de exercicios deixa o corpo disposto e alerta e menos propenso a baixas energéticas.

2. Durma
Como poderemos sentirmo-nos motivados e entusiasmados, se não estivermos a dormir o suficiente?

 3. Determine um prazo curto para começar e aja
O mais dificil é começar. Determine um prazo curto (5 a 15 minutos) para começar a tarefa a todo o custo. A melhor motivação é a acção. Se precisar refazer o início depois, o tempo necessário certamente será menor que a eterna protelação.

4.Remova as distracções
Desligue a T.V, a internet ou outra qualquer coisa que o esteja a distrair. Vai sentir-se muito melhor, uma vez que tiver que tiver terminado a tarefa.

5. Visualize os benefícios
A preguiça alimenta-se da  nossa visão de determinado problema, e focar só as dificuldades da resolução torna mais difícil começar a resolvê-lo. Imaginar todos os benefícios que teremos ao concluir o dever,tornará mais fácil colocar mãos a obra.

6. Estabeleça prêmios
Estabeleça para si mesmo um prazo para cumprir a tarefa e um prémio pela sua consecução. Entra como um bónus no pacote de benefícios.

7. Pense nas conseqüências do não cumprimento
Outro motivador para  vencer a preguiça é pensar n as conseqüências negativas de se entregar à inércia. Se os benefícios não são o suficiente para motivá-lo, pense no prejuízo financeiro, profissional ou emocional que vai ter se não fizer o que deve.

8. Encontre parceiros.
Todos nós temos baixas de motivação, e pessoas com interesses em comum podem ser o melhor apoio
quando a vontade própria não é o suficiente.

9. Divida a tarefa em partes administráveis
Às vezes, a visão obscura que temos do problema impede-nos de definir por onde começar. Se estiver diante de uma questão complexa ou trabalhosa, divida o processo em etapas menores, administráveis, com prazos para início e conclusão para cada uma.

10. Faça uma coisa de cada vez
Não é da nossa natureza ser multifuncional. Organize o seu pensamento e dedique-se a uma tarefa de cada vez. A concentração beneficia muito a criatividade e nosso potencial para ter resultados.

11. Descreva seu processo
Sentir-se-à mais motivado se perceber com clareza como sua produtividade varia de acordo com a freqüência com que se entrega à preguiça. Uma maneira de visualizar este processo é registrar seu progresso diariamente,anotando quantas metas de propôs, quantas atingiu e como foi seu estado energético e emocional neste dia.

12. Lembre-se do que realmente interessa.
A preguiça alimenta-se de desculpas que damos a nós mesmos: 'é muito cedo', 'é muito tarde', 'estou muito
cansado', 'eu mereço esta folga'. Ás vezes realmente é verdade, e precisamos relaxar e descansar o corpo. Mas háuma voz interna, auto-crítica e ciente de nossos estados emocionais, que nos diz se estamos realmente cansados ou se estamos nos entregando à preguiça. Nas horas críticas, esta voz é a nossa mais sábia conselheira.

Baseado no texto: 16 powerful tips to overcome laziness.



domingo, agosto 15, 2010

Mecanismos de Defesa - Jogos emocionais comuns

Sentimentos criam factos
Em geral, as pessoas emocionalmente saudáveis, baseiam ose seus sentimentos em factos. Se o seu pai chegar em casa bêbedo todas as noite (facto) você pode sentir-se preocupado ou interessado (sentimento). Se o seu chefe o elogiou pelo seu grande projeto (facto) você iria sentir-se orgulhoso e feliz (sentimento).
Pessoas com este transtorno, podem fazer o oposto. Quando os seus sentimentos não condizem com os factos, eles podem, de modo inconsciente,  rever os factos para que estes atendam os seus sentimentos. Isto poderá ser uma das razões pela qual a percepção dos acontecimentos é tão diferente das pessoas que não têm o transtorno.

Splitting: «Odeio-te. Não me abandones.»
Pessoas com TPL podem ter séria dificuldade em ver as áreas cinzentas. Para eles, as pessoas e as situações são preto ou branco, maravilhosas ou más. Este processo da separação serve mais como um mecanismo da defesa. Pedro, que tem TPL, explica: "A divisão do mundo em bem ou mal torna o mundo mais fácil de entender. Quando eu me sinto mal, isto explica por que eu sou do jeito que sou. Quando você estiver mal, isso explica porque eu vejo as coisas más em você".

Jogo de Projeção
Algumas pessoas com TPL que atuam exteriormente,  podem usar um tipo mais complicado de mecanismo de defesa -jogo de projecção, para aliviar a ansiedade, dor e sentimentos de vergonha. É um processo mais complexo, porque combina a vergonha, a divisão, negação e projecção.
A estas pessoas geralmente lhes falta um senso claro de quem eles são, e um sentimento de vazio e de ser intrinsecamente defeituoso. Outros parecem fugir deles, o que é solitária e extremamente doloroso. Então podem tentar inculcar os seus sentimentos noutra pessoa. A isto se chama projecção.
Na projeção a pessoa está negando a sua própria maneira de ser desagradável, o seu comportamento, mediante a atribuição a outros dos seus sentimentos (freqüentemente de um modo acusá-los). Numa entrevista, Elyce M. Benham,  explicou que a projeção é como olhar para si mesmo num pequeno espelho. Quando você pensar que a sua cara é feia, você vira o espelho para os outros ao redor. Voilà! Agora o cara que você encontrou no espelho pertence a outra pessoa.
Às vezes, a projeção é um exagero de algo real. Por exemplo o borderline pode acusá-lo do "ódiá-lo", quando você sente irritado com ele. Algumas vezes a projeção pode vir inteiramente da imaginação: por exemplo, eles o acusam de jogos sensuais com o vendedor quando você estava apenas a pedir indicações ao departamento de calçados.
A esperança inconsciente do Borderline é que´, projetando essas coisas desagradáveis sobre outra pessoa, poderão sentir-se melhor consigo mesmos. E eles realmente se sentem melhor, mas apenas por pouco tempo. Assim que a dor volta, o seu jogo é jogado outra vez.
A Projeção também tem outro propósito: o Borderline, inconscientemente, teme que, se você descobrir que não ele não é perfeito, que você vai abandoná-lo. Eles vivem em constante terror, por temer que você descubra a pessoa por detrás da cortina. Projectando as características e sentimentos negativos sobre os outros é uma maneira de manter fechadas as cortinas  e redireccionar a atenção sobre a imagem perfeita que eles tentaram criar para si próprios.
Como pode um Borderline negar que eles estão projetando quando é tão óbvio para todo o mundo? A resposta é que a vergonha e o «splitting» é combinado com a projecção e negação" como mecanismo de defesa, como forma poderosa de negar a posse de pensamentos e sentimentos desagradáveis.
Alguns que entram em relações com borderlines sentem que foram «lavados cerebralmente». Benham diz: "A técnica da lavagem cerebral é simples: isolar a vítima, expô-los a mensagens incoerentes, misturar com privação de sono, adicionar alguma forma de abuso, levar a pessoa a duvidar do que eles sabem e sentem, mantê-los nas suas mãos, puxá-los para o fundo, e mexer tudo muito bem. "

Tudo é culpa sua
Culpar os outros continuamente e criticá-los é outro dosmecanismos de defesa de alguns Borderlines que agem exteriormente,  utilizado isso como uma ferramenta desobrevivência. A crítica pode ser baseada num problema real que o Borderline exagerou, ou então ser mera fantasia. Por exemplo,  enfurecem-se castigando os outros por coisas banais como carregar um saco de maneira errada, forçando os outros a ler um livro que eles exijam, etc. Caso os parentes ou amigos não concordem com a critica ou tentem defender-se, o Borderline pode acusá-los de serem defensivos, muito sensíveis, ou incapazes de aceitar a crítica construtiva. Uma vez que a sua própria sobrevivência parece estar em jogo, eles podem defender-se com a ferocidade de um urso mãe protegendo seus filhotes. Quando a crise passa e o Borderline parece ter ganho, eles podem agir surpresos de que os outros ainda estejam chatiados.

Fonte:http://www.bpdcentral.com/resources/basics/games.shtml

Variações dentro do Transtorno de Personalidade Borderline


Alta-funcionalidade, Baixa-funcionalidade

Pessoas com TPL podem variar bastante na sua funcionalidade: isto é, no que diz respeito à sua capacidade de viver um estilo de vida normal, trabalhar dentro ou fora do domicílio, lidar com os problemas diária, interagir com os outros e assim por diante.
Algumas pessoas com TPL são tão incapacitadas pela sua doença que são incapazes de trabalhar.Podem passar muito tempo no hospital por causa da automutilação,de graves distúrbios alimentares, abuso de substâncias, ou tentativas de suicídio. Torna-se muito difícil formarem relacionamentos, tendo assim um fraco sistema de apoio. Podem ser incapazes de lidar com o dinheiro, a ponto de não terem recrusos financeiros para se alimentar ou ter uma habitação.Borderlines com baixa funcionalidade frequentemente vivem de crise em crise. Muitas vezes sentem-se manipulados por auto-mutilação e tentativas de suicídio. Entretanto, porque são obviamente doentes, costumam receber compreensão e apoio da família e dos amigos.
Borderlines com alta funcionalidade agem de modo perfeitamente normal a maioria do tempo. Bem sucedidos, e bastante amados, tendem a mostrar o seu lado negro apenas a pessoas que conhecem muito bem. Embora tenham os mesmos sentimentos que um Borderline de baixa funionalidade,estes aprenderam a cobrir o transtorno muito bem- tão bem, que, na verdade, podem sentir-se estranhos a si mesmos.
Cuidadores que se envolvam com Borderlines de alta-funcionalidade precisam ter suas percepções e sentimentos confirmada. Amigos e familiares que não conhecem o Borderline, podem nem acreditar em histórias de raiva e abuso verbal. Até mesmo muito terapeutas já se recusaram a acreditar descrições deste tipo de comportamento.
Claro, há muita margem de manobra entreoalto funcionamento (por vezes referido como o "borderline" borderline) e os de baixo funcionamento.

Acção interior, Acção exterior 

O comportamento borderline baseia-se numa coisa: tentar lidar com a angústia interna. No entanto, as pessoas com TPL podem fazer isso de maneiras diferentes. Na nossa experiência adquirida, o comportamento das pessoas com TPL tende a cair em duas categorias gerais: "Acção exterior" e "acção interior". Estas categorias não são oficiais, são apenas empiricamente pesquisadas.
Comportamentos de acção exterior são as tentativas de aliviar a dor por colocá-la noutra pessoa - por exemplo: com fúria culpar, criticar, fazer denúncias, tornando-se fisicamente violento, e prqaticando abuso verbal.Estes comportamentos causam angústia directa aos amigos, familiares e parceiros.
Comportamentos de acção interior, ferem em especial a pessoa com o transtorno, embora parentes e amigos também sejam afectados. Nesta situação, alguém com TPL, podem essencialmente sentir-se extremamente culpados em circunstâncias em que imaginem ter transgredido, ou feito alguma coisa de mal. Podem mutilar-se, para tentar lidar com a sua ira, e culpam-se a si mesmos por problemas que na realidade não são culpa deles. O suicídio é também uma possibilidade.
Alguns parecem atuar principalmente interiormente, e outros apenas exteriormente. E alguns agem de ambos os modos.
Fonte: http://www.bpdcentral.com/resources/basics/types.shtml